terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Ruínas de uma cidade do futuro


As missões, ou "reduções" foram construídas pela Ordem de Jesus nas terras dos índios Guarani a partir do ano 1609, conforme aos modelos de cidades ideias vigentes na época. Basta dizer que a moderna palavra "utopia" é nada mais nada menos que título de um dos livros que apresentaram tais modelos e inspiraram a sua implementação na prática. É claro que os jesuítas perseguiram outros objetivos também, declarados, como a conversão dos índios à fá crista, e nem tanto, como a participação ativa no processo de partilha dos terras de Novo Mundo houve outro года entre as monarquias ibéricas. O modelo da cidade “Utopia” se deu bem e a palavra não merece sentido que ganhou posteriormente. Basta dizer que dezenas de pequenas cidades-estados fundadas pelos jesuítas na região funcionaram bem por mais de um século e meio e entraram em declínio só depois de 1768, por razões puramente externas. Antes disso, não pararam de enriquecer, exportando mate, carne seca e couros. Criaram uma eficiente rede viária e fundaram novas reduções dividindo as que cresceram demais, atingindo mais de 7 mil habitantes.

Houve por volta de 50 objetos desse gênero, mas só 33 alcançaram reconhecimento oficial, e frequentemente são lembrados como “Trienta Pueblos”. As ruínas desses cidades podem ser encontradas no Paraguai, no norte da Argentina e no sul do Brasil. Sete dos mais conservados foram reconhecidos como parte do Patrimônio da Humanidade pela UNESCO, agrupados em dois elementos da famosa Lista. Um inclui duas ruínas que estão no Paraguai, e outro quatro da Argentina (na província Missiónes, é claro) e um no Brasil (que estamos visitando agora).

Todas as construções seguiram um plano parecido, com grande igreja no meio e ampla praça na sua frente. As oficinas e as residências contornaram a praça, e por volta deste núcleo houve pomares, hortas cemitérios etc. A escala urbanística pode ser reconstruída pelas proporções da igreja principal e da grande praça em São Miguel.



Esta redução foi fundada em 1687 e existiu como cidade-estado até 1828. Nunca era a maior de todas, tinha 3-4 mil habitantes durante bom tempo. Depois houve aumento considerável, chegando a quase 7 mil em 1750, o que resultou em divisão e fundação de uma nova redução vizinha. Entretanto, as dimensões da igreja maior e a conservação das suas paredes destacam a São Miguel dentro das demais "ruínas jesuíticas" conhecidas hoje.

Vista interior da igreja:



Parte central da fachada:



Uma das galerias laterais:



Detalhes de paredes de pedra, pedras talhadas:







Via de regra, a igreja principal da redução tinha apenas uma torre.
Como neste caso, o campanário de São Miguel é imponente:





O campanário por dentro, aqui as pedras são mais regulares e a construção é mais cuidados:



Sem o teto, as sombras das paredes e dos arcos criam jogos de sombra nos raios de sol poente:







Os vãos das portas são perfeitamente retangulares e abrem passagem para áreas verdes.



São cobertos por pesadas vigas inteiriças, que não foi fácil instalar nesta altura.



A vista lateral da igreja, do lado de cemitério:



As oficinas estão menos conservadas e pedem a restauração:





Os blocos de residências sobreviveram menos ainda, há árvores gigantes no meio dos quartos:





O pomar e o horto de plantas medicinais nos fundos da igreja estão sendo recuperados na atualidade:



Uma velha tradição da Ordem de Jesus, a "Cruz Missioneira" nas equinas da praça principal.
Apenas uma sobreviveu em São Miguel:



Fico justamente do lado de entrada, onde há também um pequeno museu, com peças originais desta redução:



Há várias informações interessantes sobre a geografia e a história das reduções jesuíticas:



Quem ficou com curiosidade, recomendo visitar este e outros sítios históricos relacionados com Missões.

Fotos do autor.
Atualizado 14.12.2018


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