sexta-feira, 19 de abril de 2013

No coração da capital de Velasco


Foi meu primeiro prêmio pela longa e intensa viagem.

Por motivos de um anexo mais recente, a igreja construída em San Ignácio de Velasco no ano 1761 não faz parte da lista UNESCO, mas nem por isso é menos cuidada pelas autoridades bolivianas e locais. Alias é a maior e mais bem restaurada entre construções jesuíticas nas quatro cidades da Chiquitânia que visitei nesta vez, e continua como sede da Diocese. Mas a diferencial da San Ignácio está também em outras coisas. Começando com a praça principal, em estado impecável e com arte monumental muito mais elaborada em comparação com similares.





Portanto, como primeira imagem das reportagens de San Ignácio, preferi este símbolo da vida social, econômica e cultural das missões.





Com sua retaguarda de autodefesa.



A praça é bem arborizada, e as suas vias pedestres pavimentadas com perfeição.

As construções pelo perímetro da praça são mais imponentes do que nas outras cidades da região.



Começando com a própria igreja, no mesmo estilo das outras, com toda estrutura feita de madeira. Resistiu à deterioração natural sem qualquer manutenção até o ano 1948, depois de dois séculos desde a fundação da cidade (em 1748) passou a ser mais cuidada, e entre 1998 e 2001 praticamente reconstruída. Uma simples reposição de alguns elementos estruturais não é nenhum pecado, são peças de consumo mesmo. Mas a torre moderna erguida ao lado impediu a inclusão na Lista de Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO, que selecionou apenas meia-dúzia das dezenas de igrejas jesuíticas desta região.



Os pilares impressionam tanto pelo diâmetro, quanto pelo estado de conservação e pelo acabamento. A madeira talhada é a marca registrada da Chiquitânia e pode ser encontrada em construções de vários gêneros. E no caso específico desses pilares, quase tão monumentais como colunas de mármore dos palácios da Antiguidade, achei que justamente o desenho espiral da superfície transmite melhor o propósito dos templos.



Ele parece vivo, sempre em movimento entre a terra e o céu, ou vice-versa, conforme estamos direcionando o olhar. E insinua também formato de cabo trançado de muitas cordas menores, transmitindo a ideia de leveza, mesmo com sua capacidade de suportar grandes esforços.



Os arcos de longe parecem de pedra, mas de fato são feitos de madeira também, compostos de três segmentos cada e com acabamento muito apropriado.



As mesmas soluções estruturais são aplicadas na parte interna da igreja, que apresenta acabamento digno ao seu propósito.



Os tons escuros do teto e das colunas são balanceados pelo colorido das paredes claras.



A praça é tão grande, que no mesmo lado norte cabe construções mais extensas que a própria igreja, que ocupa o seu setor oeste. Uma parte deste prédio histórico pertence às autoridades religiosas, outras abrigam a Receita boliviana e outras instituições de poder público, bem como bancos.



Os destaques do lado leste são dois hotéis mais chique, também em prédios históricos e até com colunas na forma de figuras humanas esculpidas de madeira. Alias, observei como duas jovens de aparência europeia saíram daqui e cruzaram a praça no sentido do Centro de Informações Turísticas. Ao visitar o mesmo mais tarde, encontrei dois registros de visita na mesma data, com endereços da França. Será que franceses descobriram este lugar antes dos brasileiros?



Não é bem assim. No lado leste da praça há outro hotel, com custo-benefício melhor. Este estava lotado mesmo, inclusive por brasileiros que pareciam mais comerciantes que aventureiros. E alguns pontos do comércio nas ruas do mercado também mostraram a presença brasileira. Voltando à praça, observamos que mais de metade do lado leste ocupa um bom clube social, e este também estava bastante movimentado.



E agradava com suas colunas espirais e com cobertura perfeita da calçada, sustentada desta forma.



O mais agitado lado da praça, sul. Daqui começam as três principais ruas comerciais da cidade. E neste lado há mais colunas esculpidas, nesta vez com guardas eternos do governo municipal.



A moderna polícia boliviana também dá atenção a este pedaço, estrategicamente posicionando a sua viatura entre a Prefeitura e a árvore mais famosa da praça.



Os telefones públicos também com estilo...



Este canto sudeste concentra as informações turísticas.



O escritório estava fechado no dominga (a tarde da minha chegada), mas na segunda-feira forneceu não apenas mapa e folhetos, a atendente deu também sugestões que ajudaram na definição do roteiro posterior. Assim, próximas horas dediquei às outras atrações da cidade San Ignácio de Velasco, e depois segui para San José de Chiquitos, com paradas em minúsculos San Miguel e San Rafael. Me recomendaram deixar do lado cidadezinha Santa Ana, menor ainda e com apenas uma ligação de ônibus por dia, informando que a sua igreja é nada diferente das outras e que não há claras opções de hospedagem nesse lugarejo.



Despedindo com esta grande e bem cuidada praça verde, para andar um pouco mais pela cidade e seguir a suas vizinhas...

Fotos do autor
Atualizado 03.12.2018


...cartão de visita Missões jesuí­ticas de Chiquitos, BOLÍVIA
...lista BOLÍVIA


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